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ESQUEMAS CLÁSSICOS. Atlético x Flamengo. Copa Libertadores 1981. O jogo que não terminou


Um jogo que, para os atleticanos, nunca terminou. Os torcedores tiveram seu trauma amenizado com a conquista da Copa Libertadores em 2013, mas não esqueceram o que aconteceu há mais de 20 anos naquele 21 de agosto de 1981. Um ano antes, o Flamengo venceu o Campeonato Brasileiro de 1980 com uma vitória por 3 a 2 sobre o Atlético. Na Libertadores de 1981, os dois times caíram no mesmo grupo e terminaram a primeira fase empatados em número de pontos. Nas duas partidas, no Mineirão e no Maracanã, o mesmo resultado: 2 a 2. Teriam que decidir o campeão do grupo, único que iria para a fase posterior, em um jogo de desempate. A atmosfera de rivalidade já estava criada. 

A seguir, faremos um relato do jogo, sua análise tática e também traremos algumas declarações dadas em entrevistas enquanto a confusão tomava conta do gramado. O vice-presidente do Atlético, Marcelo Guzella, chegou a pedir que o então presidente da República, João Baptista Figueiredo, último da Ditadura Militar no Brasil, praticasse, nos gramados, o que era feito na política nacional após o Golpe de 64. “Porque, infelizmente, o futebol brasileiro ainda não foi atingido por essa Revolução salvadora”, disse Guzella.

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FICHA DA PARTIDA
Atlético 0 x 0 Flamengo 1981
Local: Estádio Serra Dourada
Público: 71527 pagantes
Árbitro: José Roberto Wright, do Rio de Janeiro (ligado, na ocasião, ao quadro da federação de Santa Catarina)
Expulsões: Reinaldo, Éder, Chicão, Palhinha e Osmar Guarneli

Atlético: João Leite, Orlando, Osmar Guarnelli, Alexandre e Jorge Valença
(Marcos Vinicius), Chicão, Toninho Cerezo, Palhinha, Vaguinho (Fernando Roberto) Reinaldo Éder. Técnico: Carlos Alberto Silva




Flamengo: Raul, Leandro (Carlos Alberto), Figueiredo, Mozer e Junior;
Leandro, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Baroninho (Chiquinho)
Técnico: Paulo César Carpegiani



O ano: 1981. A competição: Copa Libertadores da América. Atlético e Flamengo estavam no grupo dos paraguaios Olímpia e Cerro Porteño e apenas um se classificaria para a próxima fase. Mineiros e cariocas terminaram a fase de grupos empatados com oito pontos, por isso foi necessário um jogo de desempate entre eles. Ambos vinham de duas vitórias e quatro empates, mas o Flamengo levava vantagem no saldo de gols e no número de gols marcados. Assim, se terminasse empatado, o jogo iria para a prorrogação e, em caso de novo empate no tempo extra, o Flamengo estaria classificado. O jogo foi no estádio Serra Dourada, em Goiânia, e contou com um público de mais de 70 mil pagantes.

A partida começou muito nervosa, com as equipes errando passes e fazendo muitas faltas. O árbitro José Roberto Wright também estava nervoso e xingava frequentemente os jogadores. Aos poucos, os jogadores se acalmaram, os passes começaram a sair mais precisos e toda a categoria dos grandes nomes em campo começou a aparecer. O Atlético começou melhor, adiantando as linhas e pressionando o Flamengo no campo defensivo, mas não criou chances claras de gol. O técnico Carlos Alberto Silva armou o Atlético no 4-4-2 (4-2-2-2), variando para o 4-3-3. O esquema tático do Flamengo foi o 4-5-1 (4-2-3-1).

A defesa atleticana teve Orlando na lateral direita; Osmar Guarnelli e Alexandre no miolo de zaga; e Jorge Valença na lateral esquerda. Os laterais subiam ao ataque alternadamente e ainda marcavam Baroninho e Tita. 

Com Chicão como primeiro-volante, Toninho Cerezo tinha liberdade para avançar e arriscar chutes a gol. Além disso, Cerezo fazia lançamentos para Reinaldo, Éder e Vaguinho. Palhinha era o armador e jogou pela esquerda no meio-campo do Atlético. Vaguinho era um meia-atacante pela direita. Ora abria como ponta-direita, ora fechava como meia-direita, mas sempre voltava para ajudar a recompor o meio. Quando Vaguinho abria como ponta-direita, Palhinha ficava mais centralizado.

No ataque, Éder jogou bem aberto pela ponta-esquerda. Era o responsável por todas as cobranças de falta próximas à área do Flamengo. Provavelmente instruído pelo técnico Paulo César Carpegiani, Nunes ficava próximo da bola e atrapalhou todas as cobranças de Éder. Reinaldo, centroavante com uma técnica acima da média, voltava para buscar o jogo no meio-campo, caía pelos dois lados e partia em velocidade para alcançar os lançamentos de Cerezo e Palhinha.

Depois de uma pressão inicial, o Flamengo começou a tomar conta do meio-campo pouco antes dos 15 minutos do primeiro tempo, mas, assim como o Atlético no início do jogo, sem criar boas oportunidades de gol. Nesse jogo, com a ausência de Andrade, Leandro não foi o lateral-direito, mas volante. Carlos Alberto foi o lateral-direito. O miolo defensivo, desfalcado de Marinho, contou com Mozer e Figueiredo. 

O volante Adílio avançava com a bola dominada e fazia lançamentos para Baroninho, Nunes, Tita e Zico. O lateral-esquerdo Júnior, que jogava com a camisa 5, tinha a cobertura de Leandro ou Adílio para avançar pelo lado do campo e também fazer incursões em diagonal pelo centro, como um ala.
No 4-2-3-1 do Flamengo, Zico era o meia-atacante central da linha de três, que contava ainda com Baroninho, aberto pela esquerda do ataque flamenguista, e Tita, um pouco mais por dentro pela direita. Nunes foi o centroavante trombador no ataque.

Expulsões e tumulto

Aos 32min, após cometer falta por trás em Zico, Reinaldo foi expulso. Ele não tinha cartão amarelo na partida. Durante a transmissão da TV Globo, Telê Santana, comentarista convidado, disse que o árbitro José Roberto Wright errou e “estragou o espetáculo”. “O José Roberto está mais nervoso que os jogadores”, afirmou.

Os jogadores contestaram bastante a expulsão, mas o jogo seguiu. Aos 34, em falta para o Atlético, Éder disse alguma coisa para o árbitro e também é expulso. A diretoria do Atlético entra no gramado e tenta agredir Wright. A partir desse momento, o tumulto toma conta da partida. A polícia também entra no gramado e faz um cordão para retirar as pessoas do campo. O vice-presidente do Atlético, Marcelo Guzella, manda o time sair de campo. “Tira o time”, diz para o volante Chicão. O Atlético ameaça deixar a campo, mas recua. A torcida grita: “É marmelada, é marmelada”. Na confusão, Palhinha e Chicão são expulsos, assim como toda a comissão técnica do Atlético.

“Revolução salvadora” de 64

Entrevistado à beira do campo, o vice-presidente do Atlético Mineiro em 1981, Marcelo Guzella, pede ao então presidente do Brasil, João Baptista Figueiredo, que a “Revolução Salvadora de 64” chegue também aos gramados. “Me perguntaram agora há pouco o que eu pediria ao presidente Figueiredo. Eu pediria a ele que pratique, dentro do futebol brasileiro, o que, felizmente, para a salvação nacional, foi praticado na Revolução de 64. Porque, infelizmente, o futebol brasileiro ainda não foi atingido por essa Revolução salvadora. Ainda é tempo, presidente. Vamos cuidar disso”, disse Marcelo Guzella.

O jogo que não terminou

A confusão continua e, por diversas vezes, José Roberto Wright faz sinal de que encerraria a partida. Trinta minutos após o início do tumulto, o jogo é reiniciado com o Atlético contando com apenas sete jogadores. Menos de trinta segundos depois, João Leite cai no gramado alegando uma contusão. Wright manda o jogo seguir, mesmo com João Leite caído e o massagista em campo. Na jogada seguinte, o zagueiro Figueiredo faz falta dura em . João Leite pede para sair do gramado de maca, o árbitro manda o goleiro se levantar e os maqueiros do estádio recusam-se a entrar. José Roberto Wright expulsa Osmar Guarnelli e encerra a partida. Mas para os atleticanos, esse foi um jogo que não terminou.

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